Muitos, principalmente da área musical, já devem ter ouvido falar de “Kaza Preta”. Uma editora e distribuidora musical, um projecto ambicioso, pensado e executado por três jovens, para dar vida a um espaço que usa da criatividade para viabilizar e realizar projectos de jovens artistas e dar a conhecer o seu trabalho.
Revan Almeida, artista, empreendedor, e um dos três fundadores conta que, a ideia do nome foi inspirada na famosa “Casa Branca” dos EUA, e que a plataforma “Kaza Preta” foi idealizada para materializar projectos juvenis servindo de “estufa” para criar o ambiente ideal onde qualquer ideia pode nascer, crescer e dar frutos.
Um local, conforme a mesma fonte, onde todos os dias se faz um pouco para obter resultados mais além, e que pretende ser uma marca sustentável do mercado nacional para conseguir viver da própria “imaginação”.
“Kaza Preta foi criada dentro de um quartinho, e aos poucos fomos conquistando o nosso público. Começamos a trabalhar com pessoas mais próximas e, hoje estamos no processo de conquistar o público cabo-verdiano, com olhos no mundo,” enaltece Revan.
A forma multidisciplinar que os envolvidos vêem a plataforma no mercado, sem esquecer da ideia inicial, transforma-os em potenciais empreendedores que buscam novas formas de criar e fazer música, a começar pelo mershandising de T-Shirts.
“O nosso negócio principal sempre foi a música, mas com passar do tempo sentimos a necessidade de inovar”, salienta este jovem da ilha de São Nicolau, que escolheu São Vicente após o nascimento do projecto na sua ilha natal.
Neste momento, diz que a área de actuação passou a ser mais abrangente. “Não é só fazer a música e lançar, é pensar outras formas de contar as letras. Então optamos pelo mershandising e hoje temos dezenas de modelos de t-shirts que já podem ser vendidos em lojas online” esclarece o artista.
Revan Almeida que também é designer gráfico, acredita que em Cabo Verde existe mercado para a produção musical, contudo realça que falta “iniciativa e comunicação à altura e melhores condições” para que no mercado nacional “o público consuma o produto” que é disponibilizado.
Para este jovem, é preciso haver “pessoas doidas o suficiente” para acreditar e fazer acontecer.
“Há pessoas que dizem que não é possível viver da música em Cabo Verde, mas não é verdade. Temos de ser utópicos. Eu acredito ser possível, e irá depender da maneira que posicionamos em relação a tal. Um exemplo específico é o home studio. Então a música não pode ser o meu único produto de venda, logo a ideia é ser cada vez mais independente” detalhou.
Revan Almeida acrescenta ainda que a liberdade criativa é uma das vantagens, por outro lado, sustenta que o processo é demorado e as dificuldades são várias. A começar pela “burocracia” na organização de concertos, e a comunicação correcta para levar o público a assistir aos shows.
Relativamente as outras editoras, o artista afirma não ter nenhum relacionamento profissional ainda.
No entanto, acredita não haver competição e sim um ganho colectivo para ambas, quando uma editora lança um novo talento.
Para o designer, o objectivo da “Kaza Preta” é consolidar-se no mercado de forma sustentável para garantir o sustento dos seus colaboradores exclusivos e de suas famílias ao criar um ambiente onde “nada pode falhar e o sucesso é inevitável”, porque apostou-se muito num relacionamento com o público, sendo assim a representatividade é um potencial gerador de referências.
Recentemente, Revan Almeida lançou seu álbum oficial intitulada ““Futur passod na prezent” uma versão física em CD que vai na contramão das novas formas de fazer música em um mundo maioritariamente digital, provando que ainda se pode valorizar os CD´s e o vinil sem perder a cultura.
DA – Notícias do Norte
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